13/07/2020 | Notícias

O bom Deus pede que semeemos

“É necessário lançar sempre a semente na terra; o bom Deus lhe dará o crescimento quando lhe aprouver”. Santa Júlia Billiart

 "Sem virtudes sólidas, como podeis ensiná-las aos outros?" Santa Júlia Billiart

 “Quanto mais formos a imagem da bondade de Deus, quanto mais formos inundados da torrente da graça divina, tanto mais irradia o semblante de Cristo em nosso semblante, tanto mais dirigimos o espírito e o coração das crianças e adolescentes para o bem” (Júlia Billiart, 1815).  

“Tornar-nos-emos úteis a todas essas crianças e à juventude, como também a seus pais, se por meio da oração lhes abrirmos os olhos para que reconheçam os deveres que têm para com Deus. Ponde todos os dias de vossa vida o bom Deus à frente de vossa classe, reconhecei vossa incapacidade de fazer o bem às almas das crianças. Tudo o que fazemos é nada se Deus não nos auxilia” (Ideias Pedagógicas de Júlia Billiart, 1929 p.25). 

No evangelho de Mt 13, 1-23, Jesus conta a parábola do semeador. O semeador é o próprio Jesus e a semente é a Palavra de Deus. Jesus semeia a Palavra de Deus nos diversos terrenos, que, na parábola, representam a abertura de coração à receptividade dessa Palavra. Jesus semeia a sua boa semente em todos os terrenos, não faz distinção.

Algumas sementes caem à beira do caminho e os passarinhos as comem. Jesus diz que esse terreno representa as pessoas que não compreendem a Palavra de Deus. Não compreender a Palavra pode significar não estar aberto ao que realmente Deus quer me dizer. Algumas pessoas querem apenas que Deus lhes diga o que querem ouvir: não compreender a Palavra, então, é não estar disposto a de fato ouvir o que Deus quer dizer, de forma que a Palavra não chega a entrar no coração. Talvez esse primeiro terreno, na época de Jesus, pudesse ser ilustrado pelo grupo de fariseus que só viam defeito em tudo o que Jesus fazia, mas não conseguiam se abrir ao amor que é o principal mandamento.

O segundo terreno em que a semente cai é o terreno pedregoso, em que a semente chega a brotar, mas, por não ter raiz, seca logo que sai o sol. Esse tipo de terreno são aquelas pessoas que até querem viver a Palavra, mas na primeira dificuldade desistem porque não possuem raiz, não se permitem aprofundar nessa Palavra, pois para aprofunda precisa de tempo e perseverança. Nos dias de hoje, poderíamos dizer que o segundo terreno é o representa quando tudo acontece muito rápido, o entusiasmo, a empolgação, mas também a desistência, a cultura do descartável e do consumismo. É preciso um aprofundamento, um cultivo interior da terra do nosso coração, que exige tempo, para que nossas raízes possam se firmar.

O terceiro tipo de terreno são aqueles que ouvem a Palavra, cultivam-na dentro de si, mas acaba que a busca pelo sucesso, pelas riquezas e outras preocupações sufocam a Palavra que quer crescer dentro da pessoa. Deixar as coisas de Deus de lado, dar a desculpa de "falta de tempo", priorizar outras coisas que acabam tomando o lugar de Deus, ou até deixar-se vencer por medos e vaidades, tudo isso são espinhos que acabam sufocando a boa semente da Palavra, impedindo-a de fortalecer a raiz e produzir frutos.

Percebamos que aquilo que cultivamos em nosso interior, no mais profundo, no invisível da terra – nossas raízes, nossa fé, nossa espiritualidade – são o que nos sustenta nas dificuldades, permite que cresçamos e que no tempo certo frutifiquemos.

O último terreno em que a semente da Palavra cai é um terreno bom. A semente que cai em terra boa produz frutos. Uma semente pode produzir até 100, 60 ou 30 frutos. Os frutos da terra boa são generosos e abundantes. Isso demonstra como fica o coração da pessoa que acolhe a Palavra de Deus: generosidade que retribui com gratidão a boa semente recebida. Como a terra boa reconhece e agradece pela semente recebida? Agradece, fazendo frutificar o que recebeu. Nós somos convidados a ser como essa terra boa, acolhendo a Palavra, e fazendo com que ela frutifique em nossa vida, colocando nossos dons a serviço. A gratidão pela bondade de Deus se manifesta por meio da generosidade e da gratuidade.

Observemos um detalhe escondido dessa parábola. A terra boa que recebe a semente da Palavra, que ouve, busca viver a Palavra e colocá-la em prática: essa terra permite que a semente crie raízes e frutifique. Jesus diz que são 100, 60 ou 30 frutos por semente. Abundância de frutos... E o que há dentro do fruto? Dentro do fruto há mais sementes. A própria pessoa que acolhe a Palavra, ao produzir frutos, torna-se produtora dessas sementes da Palavra, criando dentro de si o potencial de ser um novo semeador da Palavra de Deus. Quando cultivamos a Palavra de Deus dentro de nós, não ficamos fechados em nós, mas abrimo-nos aos outros, queremos levar essa boa notícia do Evangelho também aos outros. Acolher a Palavra, gera a consequência de fazer a vontade de Deus, que por sua vez nos torna missionários, pessoas que vão ao encontro das necessidades dos outros.

O Papa Francisco recomenda que cada pessoa crie o hábito de ler a Palavra de Deus diariamente. Ele sugere que se tenha um Evangelho de bolso, para ter sempre acesso à Palavra de Deus. (Papa Francisco, 12/07/2020)

Oração:

Senhor, tu és nosso ao bom e providente Deus, pedimos que nos dês a graça de estarmos abertos à tua Palavra, dispostos a criar raízes na nossa vida interior, para podermos oferecer bons frutos aos outros, por meio de uma resposta generosa. Que nosso SIM ao chamado do Senhor, seja o impulso para que outras pessoas também possam dar o seu SIM a Deus.  Santa Júlia, que tiveste uma fé inabalável e uma ilimitada confiança na bondade de Deus, alcança-nos a graça sermos corajosos em vencer todas as dificuldades, para cumprir em tudo a adorável vontade de Deus. Amém.

Santa Júlia